sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Colunista - Anorexia e Bulimia

 
 
 
Por: Ana Paula Schneider


 
Os transtornos alimentares caracterizam-se por uma grave perturbação do comportamento alimentar e psicológico que afeta todos os aspectos da vida e assim, traz diversos prejuízos ao indivíduo.

Nas últimas décadas ouve um aumento muito grande na incidência de tais transtornos. Um dos fatores relacionados é o sócio, onde podemos observar que através da mídia são transmitidos modelos de forma física e aparência caracterizada pela magreza. A mensagem de que a beleza, felicidade e autovalor associam-se a um corpo magro é constante, podendo gerar preocupações extremas com o peso e formato corporal. Nesse contexto, algumas pessoas procuram-se adequar a esse padrão de beleza, visando serem aceitas e valorizadas.

Na anorexia, por exemplo, há uma distorção da imagem corporal e a pessoa queixa-se em estar gorda. Geralmente a pessoa inicia com dietas que reduzem alimentos calóricos e gradualmente vai estabelecendo uma dieta altamente restritiva, podendo chegar ao jejum completo.

O quadro consiste na perda voluntária de peso. Pessoas com anorexia nervosa sempre possuem o peso abaixo do normal e recusam-se a se alimentar de forma correta, negando os riscos que correm na ausência de uma alimentação saudável, o exagero pode leva-las até a morte.

A pessoa com anorexia pode empregar métodos adicionais para perder peso, como abuso de laxantes, diuréticos ou anorexígenos, indução de vômitos e exercícios físicos em excesso. Pode desenvolver rituais alimentares, como pesar todos os alimentos e pesar compulsivamente. As perdas são inúmeras desde orgânicas quanto comportamentais, ocorrem alterações metabólicas, gastrintestinais e cardiovasculares. Há grandes prejuízos nos relacionamentos interpessoais.

A psicoterapia ajuda a melhorar a visão que se tem do seu próprio corpo, mas é um transtorno que exige paciência, cautela e perseverança, já que na cabeça do anoréxico, é certo não comer.

A anorexia pode causar vários problemas de saúde como:

· Palidez;
· Pele seca e amarelada;
· Desnutrição;
· Tonturas;
· Alterações hormonais;
· Perda do apetite sexual;
· Queda de cabelo;
· Maior chance de ter infecções devido a falta de nutrientes no organismo;
· Alteração na memória;
· Amolecimento dos dentes;
- Unhas quebradiças;
- Insônia;
- Baixa autoestima;
- Sensação de frio;
- Circulação ruim;
· Infertilidade.

O tratamento analítico-comportamental é direcionado, principalmente, para a modificação de o comportamento alimentar, embora leve também a focar nos valores, pensamentos e sentimentos da pessoa. A meta é aumentar gradualmente a quantidade de alimento ingerido e o envolvimento da família é determinante na mudança do quadro, pois em geral a família só se da conta do que está acontecendo quando, por acaso, surpreende a paciente com pouca roupa e veem seu corpo em pele e osso.

Na terapia, a pessoa irá aprender a se avaliar a partir de outros aspectos que não o peso e a forma corporal. Para tanto é investigado quais habilidades a pessoa precisa aprender para resgatar sua autoestima e autoconfiança suficientes para a aquisição de uma nova perspectiva de si.

Mas precisamos sempre lembrar que é um tratamento multidisciplinar, que abrange psicólogos, endocrinologistas e nutricionistas.

Já a bulimia é caracterizada por momentos onde a pessoa tem compulsão alimentar (come uma quantidade significativa de alimento em curto período de tempo), relatando um sentimento de falta de controle sobre o comportamento alimentar; em seguida empenha-se em comportamentos compensatórios para prevenir o ganho de peso como: vômitos auto induzidos, uso inadequado de laxantes, diuréticos e outros medicamentos, dieta restritiva, jejum, exercícios excessivos. A auto avaliação é inadequadamente influenciada pelo peso e forma corporal. A atitude em relação ao peso é extrema, pesam-se compulsivamente ou evitam a balança.

A pessoa com Bulimia encontra-se presa a um ciclo vicioso iniciado com regimes rigorosos e dieta restritiva. Tais estratégias estabelecem um estado de privação que aumenta a probabilidade de engajamento em nova compulsão alimentar que, por sua vez, aumentam os comportamentos compensatórios, como o vômito. Em seguida, o vômito é mantido pela redução do desconforto físico decorrente da distensão abdominal e pela redução do medo de engordar, tornando um redutor geral da ansiedade. Os episódios de compulsão geram culpa, sentimento de fracasso e medo de engordar. Já os comportamentos compensatórios geram alívio imediato e também culpa e vergonha.

Alguns dos sintomas da doença são:

- Uso indiscriminado de laxantes e diuréticos;
- O não tratamento de distúrbios depressivos e de ansiedade;
- Vômitos auto induzidos;
- Automutilação (em alguns casos);
- Alterações cardiovasculares;
- Alterações gastrintestinais;
- Alterações  metabólicas nocivas à saúde;
 Secundariamente aos vômitos pode-se observar:
- Desgaste dentário;
- Hipertrofia das glândulas salivares;
- Cicatrizes no dorso da mão.

Se a palavra que define a anorexia é medo de comer, no caso da bulimia, é compulsão alimentar seguida de culpa. Culpa por comer demais e por engordar.

Estudos afirmam que o tratamento para a bulimia é mais fácil do que a anorexia, pois em geral é feito com terapias e uso de medicamentos como ansiolíticos, antidepressivos e remédios para evitar esta compulsão alimentar.

O tratamento analítico comportamental é direcionado para o estabelecimento de um comportamento alimentar adequado, isto implica na extinção de regimes e dietas restritivas. Um dos instrumentos importantes é a auto monitoria que consiste no preenchimento por parte do paciente de sua rotina alimentar diariamente, com isso sua consciência acerca do seu padrão alimentar será ampliada. A meta é o estabelecimento e manutenção de refeições e lanches regulares, inserindo gradativamente “alimentos proibidos” nas refeições. Monitora-se o peso uma vez por semana, aproveitando tal situação para identificar e modificar suas regras, valores, pensamentos em relação ao seu peso e forma corporais, adquirindo assim novos interesses e engajando em outros comportamentos que gerarão sentimentos positivos em relação a si mesmos.

O tratamento nem sempre é muito fácil, pois esses pacientes mesmo em tratamento tentam esconder/negar os comportamentos existentes.


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