segunda-feira, 16 de setembro de 2013

A imigração italiana e seu legado cultural e social em Araraquara

Por: Davi Marques Pastrelo

A imigração italiana em Araraquara (SP), não foi somente a mais numerosa, como também teve grande importância na formação econômica, política e cultural do município.

Os italianos, em sua maioria, vieram para a região para trabalhar na lavoura de café e muitos exerceram as mesmas profissões que tinham em seu país de origem. Outros, pouco tempo depois de sua chegada, deixaram o campo em busca de melhores condições de vida.

Segundo informações do Círcolo Ítalo-Brasileiro de Araraquara, a imigração italiana teve início no município por volta de 1889. Os imigrantes italianos eram, em sua maioria, provenientes da região do Vêneto, no norte do país. Outros também vieram da região da Calábria.

Dados do Museu do Imigrante, revelam que cerca de 35 anos após o início da imigração italiana para Araraquara, 68% da população com posses estabelecida na cidade era de italianos ou descendentes.Contribuições culturais e sociais.
Fotos: Davi Marques Pastrelo

Segundo Diva Prando, atual presidente Círcolo Ítalo-Brasileiro de Araraquara, entre as principais contribuições deixadas pelos imigrantes italianos no município estavam as idéias socialistas.
O Círcolo Ítalo-Brasileiro de Araraquara possui um importante arquivo de jornais, revistas e livros que destacam a imigração italiana na região.Também é possível encontrar informações sobre a imigração italiana na Biblioteca Municipal "Mário de Andrade"

Há informações sobre a existência de registros de pronunciamentos de “ Éttore Thomasini”, famoso socialista italiano. E entre os casos mais famosos, há o de Angelo Lungaretti que assassinou na fazenda Nova América, localizada na região de Araraquara, o coronel Diogo Sales, irmão do então presidente da República, Campos Sales, por considerar que este lhe faltou com respeito.

A presidente do Círcolo de Araraquara explica que muitos dos imigrantes não aceitavam as condições de trabalho a que eram submetidos no campo.

Buscando facilitar a vida, era comum que os italianos fundassem clubes e associações para defender seus interesses e manter seus costumes e cultura.

Entre as associações de destaque dos italianos estavam: a “Sociedade Italiana de Beneficência" e a "Sociedade Italiana de Mútuo Socorro”. Em 1903 elas se uniram para formar a Societá Italiana Uniti di Araraquara, que permaneceu até o ano de 1942, quando foi fechada durante a Segunda Guerra Mundial pois o governo Vargas acreditava que isso contrariava os interesses nacionais.

Círcolo Ítalo Brasileiro de Araraquara:

O Círcolo Ítalo Brasileiro de Araraquara foi fundado em 29 de Agosto de 1997 com o intuito de unir os "oriundi" (descendentes de italianos) da cidade novamente e manter as tradições culturais e laços com a Itália.

Entre os serviços e trabalhos realizados pelo Círcolo estão aulas de cultura e idioma italiano, grupos folclóricos de dança, peças de teatro e jantares como o tradicional gnochi (noque) da prosperidade realizado no dia 29 de cada mês.
A presidente do Círcolo, Diva Prando, esclarece a origem dessa tradição. “ Um padre caminhava por uma vila italiana quando parou em uma casa para pedir por almoço, em se tratando de uma casa muito simples, a dona da casa abriu a porta e somente tinha batatas e tomates para fazer de almoço, fez-lhe um gnochi com o que tinha e ofereceu ao padre que, antes de partir, agradeceu a hospitalidade e deixou dinheiro sob o prato sem que a senhora visse. Isso foi num dia 29, daí nasceu a tradição", explica Diva.

Segundo ela, o Círcolo também já encenou muitas peças teatrais, entre elas estão: “ O imigrante”, “Ride Palliachio” e “ Um samba no Bexiga”, que homenageia a colônia italiana do Bexiga e o sambista Adoniram Barbosa.

O Círcolo Ítalo Brasileiro ainda mediou uma parceria entre cidades da região e um grupo de empresários italianos interessados em investir na região de Araraquara.

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