quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Creches pedem socorro em Ribeirão Preto


Entidades têm que recorrer a empréstimos particulares para pagar seus funcionários em dia após atrasos da prefeitura

 
 
Para Maurício Gumiero, representante das creches, as entidades tem ciência de que a prefeitura irá pagar, mas não sabem quando (Foto: Milena Aurea / A Cidade)

Os atrasos da prefeitura de Ribeirão Preto no pagamento das 22 creches sem fins lucrativos, conveniadas ao município, estão levando as entidades a medidas extremas.

“Estamos devendo R$ 25 mil para um agiota, em três parcelas em nome dos nossos diretores”, desabafa a coordenadora de uma creche que atua há 30 anos.

Ela, assim como as outras doze entidades ouvidas pelo A Cidade, preferem não se identificar temendo represálias da prefeitura.

O sinal de alerta para todas elas começou em julho deste ano, quando a administração atrasou o pagamento em um mês. Desde então, o repasse não veio mais em dia.

“Nós temos que fazer eventos-relâmpagos, como rifas e jantares, para poder pagar os nossos funcionários”, afirma Edna de Carvalho, da creche Nave da Saudade, uma das poucas que aceitou se identificar.

Ela diz que a maioria das creches está recorrendo a empréstimos bancários devido aos atrasos.

Não são todas, entretanto, que conseguem crédito de R$ 5 mil a R$ 54 mil com os bancos para custear as folhas de pagamento.

“Na situação de desespero, a última saída para algumas é recorrer a empréstimos particulares”, diz Maurício Gumiero, presidente da Unep (União das Entidades Particulares de Ribeirão Preto). O A Cidade apurou que ao menos três entidades estão devendo para agiotas.

Atrasos

Segundo os diretores de creches, o ideal seria que a prefeitura efetuasse o repasse das verbas até o décimo dia útil. A última vez que isso ocorreu, entretanto, foi em junho.

“Está insuportável, trabalhamos sempre em cima do muro, sem saber o que vai acontecer”, diz Edna - que só não precisou de empréstimos devido aos eventos beneficientes.

Os atrasos generalizados atingiram também a creche Vovó Meca, mantida por uma entidade presidida pelo vereador Marcos Papa (PV). “É uma irresponsabilidade sem tamanho da prefeitura”, disparou.

Gumiero afirma que uma reunião entre as creches e a prefeitura foi feita em setembro, mas o problema persiste. “Essa situação é constrangedora. Há o risco de fechamento de creches”, alertou. Juntas, as 22 entidades conveniadas atendem a 3 mil crianças.

Faltam vagas em Ribeirão

Conforme o A Cidade mostrou na semana passada, o déficit de creches em Ribeirão Preto faz com que muitas crianças só consigam vaga mediante ação judicial.

De janeiro a outubro, após intervenção do Conselho Titular e do Ministério Público, 259 crianças obtiveram vagas em creches - média de uma por dia.

Proporcionalmente, a demanda judicial cresceu 21% em relação ao ano passado. Além disso, a própria prefeitura assume que as entidades estão superlotadas, conforme o A Cidade revelou no dia 4 de setembro.

Apesar do déficit de vagas, as creches parecem ter sido vítimas da política de contenção de gastos.

Os atrasos de pagamento começaram em julho, pouco antes das medidas anunciadas pelo Palácio Rio Branco para economizar gastos com folhas de pagamento.

A prefeitura diz que segue o cronograma dos pagamentos.
 
 
 
Fonte:http://www.jornalacidade.com.br/noticias/cidades/NOT,2,2,888678,Creches+pedem+socorro+em+Ribeirao+Preto.aspx
 
 
 


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